terça-feira, 26 de maio de 2009

O LUGAR E O COTIDIANO


Este estudo preliminar resultante da interlocução entre autores/as e documentos evidencia que os debates que se acirraram a partir da década de 1980, remetem ao reconhecimento daquilo que se faz necessário ponderar em relação aos espaços educativos quanto à escolha de uma concepção de currículo; a realização de um projeto político pedagógico; a redefinição da finalidade do planejamento; a consideração dos direitos/deveres dos sujeitos participantes do processo educativo; a articulação entre a realidade/ cotidiano, conhecimentos dos/as alunos/as e a apropriação de conhecimentos científicos e tecnológicos. Pautado por tais indicativos é que há alguns anos vêm ocorrendo vários movimentos nas redes públicas de ensino, algumas escolas privadas e pelos órgãos gestores da educação (tanto a nível municipal, estadual ou federal) em busca da elaboração de propostas, projetos e/ou princípios e diretrizes para educação, os quais passam a ocupar o lugar de documentos–referência para organização e planejamento do trabalho educacional.

CONCLUSÕES:

A análise dos objetivos apontados nos PCNs reforçam a importância de que a prática pedagógica em Fundamentos e Metodologia de Ciências esteja atenta a tais exigências para que possa contribuir na formação de professores/as que terão que atender a tais objetivos ou outras mudanças curriculares no planejamento de seu trabalho docente junto às crianças, assim como manter-se atualizado acerca das demais demandas da sociedade contemporânea. Diante do exposto acima se justifica o desdobramento deste projeto que se refere à formação de pedagoga/professora quanto ao perfil profissional desejado e necessário ao contexto social e educacional atualmente. Neste sentido é preciso investigar a história desta disciplina que aborda o ensino de ciências nos currículos de pedagogia. A intenção de focalizar a área de ciências é proveniente dos dados iniciais obtidos e também pela evidente relevância dos conceitos e temas que podem ser trabalhados nesta disciplina e que são diretamente vinculados ao cotidiano das crianças e da população em geral, mas que permanecem ignorantes diante da possibilidade de perceber que a realidade é cognoscível.
José Pereira Lima

A MICRO POLITICA


RACIONALISMO & MACRO POLÍTICA X INCREMENTALISMO & MICRO
POLÍTICA
PROPOSTAS ANTAGÔNICAS DE PLANEJAMENTO POLÍTICO



Dimas Enéas Soares Ferreira
*


INTRODUÇÃO


“Está se tornando um lugar comum que
a política é a arena do irracional (...)”
Harold Lasswell



Os métodos racional-compreensivo e incrementalista têm sido alvo dos estudos da ciência política. Quando buscamos situa-los no método Descritivo Referencial, observamos que se encaixam em dois níveis políticos, ou seja, o método racional-compreensivo se relaciona com a macro-política e suas grandes análises do cenário político-institucional, já o método incrementalista liga-se à micro-política e à busca de soluções para problemas mais imediatos e prementes. Para isso, busco encontrar algumas respostas a questionamentos que se impõem, através do estudo do planejamento político.
O planejamento político, enquanto sistema, possibilita superar alguns obstáculos impostos pela excessiva centralização dos poderes do Estado nas decisões, mas para isso, ele deve ter objetivos a serem cumpridos como (i) reduzir a área de incerteza; (ii) adaptar as dimensões de tempo; (iii) alargar a base de informações com a análise dos efeitos das ações alternativas e (iv) ser fonte de inovação e combate a inércia administrativa.
[1][1]
Segundo Anthony Downs, os economistas analisam, planejam e decidem racionalmente. Dessa forma, crêem poder prever as decisões, já que serão sempre tomadas aquelas consideradas mais razoáveis para se alcançar as metas previstas. Portanto, o homem racional sempre age de acordo com os seguintes critérios: (i) consegue tomar uma decisão quando confrontado com várias alternativas; (ii) classifica todas as alternativas em ordem de preferência; (iii) seu ranking de preferências é transitivo, ou seja, pode ser mudado; (iv) a escolha recai sempre sobre a primeira preferência; (v) a decisão sempre é a mesma quando são dadas as mesmas preferências.

José Pereira Lima

A FORÇA DO LUGAR

O estado atual da ordem legal internacional

Desde que surgiu na mente das elites européias – há aproximadamente quatro séculos – até a última metade do Século XX, o direito internacional foi considerado um facilitador, uma vez que expressava os termos de coexistência entre comunidades politicamente organizadas, que não reconheciam qualquer autoridade superior.1 Gradativamente, o Direito Internacional emergiu da derrota das ambições imperiais dos Habsburgos e das reivindicações papais para reger as vidas espirituais e morais de todos os povos da cristandade. Em processo análogo ao desenvolvimento aluvial da ordem entre habitantes indígenas, de aldeias remotas sem instituições políticas formais, líderes das comunidades européias — independentes de facto uns dos outros, mas estreitamente relacionados cultural, histórica e valorativamente para se considerarem de espécies diferentes — desenvolveram inevitavelmente um entendimento comum da natureza de suas relações e o caminho certo para lidar com casos de sobreposição dos direitos de soberania ou de incerteza no locus ou nos indícios de soberania.

De um modo geral, os governantes podiam viver como proprietários de terra, com liberdade para fazer o que bem entendessem em suas respectivas propriedades.

A Carta das Nações Unidas levou a lógica da igualdade de direitos e deveres ainda mais longe ao proibir o uso da força para privar os Estados de seus territórios e ao consolidar as atividades de elaboração e cumprimento das leis e de tomada de decisões autônomas contíguas à idéia de um Estado soberano.2

Ao longo de toda a Guerra Fria, essa proibição da Carta dominou o discurso sobre as obrigações dos Estados. Entretanto, durante o período de aproximadamente quatro décadas e meia – decorrido entre a fundação das Nações Unidas e o fim declarado da guerra – os Estados Unidos, por meio de forças regulares ou por “procuradores”, invadiram a Guatemala, Cuba, República Dominicana, Granada e Panamá; enquanto a União Soviética fez o mesmo na Hungria, Tchecoslováquia e Afeganistão. Além disso, ambos ignoraram os ostensivos direitos de soberania de outros Estados – a fim de manipular sua política interna – 3 ao adotarem uma série de meios ilícitos menos chamativos que a invasão. Quanto à desconsideração às restrições da Carta sobre a intervenção de um modo geral e o uso da força em particular, as superpotências, obviamente, não estavam sozinhas. A França, por exemplo, formou e desfez governos na África Ocidental de modo discricionário.


José Pereira Lima

A metáfora do rizoma

A metáfora do rizoma: contribuições para uma educação apoiada em comunicações e informática
Eliana Povoas Pereira de Brito*
Gertrudes Aparecida Dandolini**


Resumo: As mudanças socioculturais e tecnológicas do mundo contemporâneo criam incessantes modificações nas entidades sociais e no pensamento humano descortinando novos universos no dia a dia das pessoas. No centro destas modificações, os currículos dos Cursos de Graduação tornaram-se grandes desafios dos sistemas educacionais de modo geral, e para a educação a distância, em particular. O modelo linear e seqüencial de currículo está ultrapassado e com todas as mudanças que estão ocorrendo é necessário romper com este modelo. Neste artigo apresentamos alguns princípios que norteiam a criação de currículos baseados na metáfora rizoma. Entendemos as dificuldades de colocar em prática o desenho de um currículo não disciplinarizado (afinal, somos produtos das disciplinas). O processo é gradativo e lento, mas estamos certas de que é preciso ousar e apostar na construção de redes de conhecimento a partir de um trânsito transversal por entre os campos do saber.
José Pereira Lima

sábado, 16 de maio de 2009

OS POBRES DA CIDADE

Com o objetivo de resgatar as imagens e representação da pobreza urbana na Brasil ao longo dos últimos cem anos, lechia Valadares discorre através de uma vasta literatura como o Brasil enquanto nação moderna e urbana passa a definir a pobreza e seus sujeitos, a intenção não é investigar sem houver ou não aumento da pobreza, mais sim analise da natureza do termo “pobreza” e “pobre” e seus sinônimos dentro de um contexto de mudanças na sociedade brasileira.
Discutem o curso de uma nova ordem econômica e o advento da republica, a formação e o controle da classe trabalhadora e a criação de novos valores na virada do século no rio de janeiro e são Paulo; verificando o processo de urbanização e as transformações no mercado de trabalho com o surgimento da industrialização e terceirização, onde seu principal objetivo era a analise das camadas populares dentro dessas mudanças, onde a autora sugere uma multiplicidade ao tratar da pobreza – sanitarista, jurídico, político e econômico. O qual será dividido em três período distinto:

• Virada do século foi marcada pela transição do Brasil para uma ordem capitalista

• Décadas de 50 e 60, um amplo mercado de trabalho urbano, urbanização e marginalização de alguns segmentos da população das grandes cidades.

• Décadas de 70 e 80, uma forte crise no modelo de desenvolvimento e o aumento do trabalho informal nas metrópoles e por outro lado um processo de concentração de renda.


A parti de da analise de cada uma período se tenta chega à concepção de pobreza, cuja hipótese é que tal evolução guarda estreita relação com o processo de urbanização e transformação no mercado de trabalho.

José Pereira Lima

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A BONECA E A ROSA BRANCA



Corri ao mercado para comprar uns presentinhos, que não havia conseguido comprar antes. Quando vi todas aquelas pessoas no mercado, comecei a reclamar comigo mesmo: "Isto vai demorar a vida toda, e ainda tenho tantas coisas para fazer, outros lugares para ir."

“Como gostaria de poder apenas me deitar, dormir e só acordar após tudo isso." Sem notar, fui andando até a seção de brinquedos, e lá comecei a bisbilhotar os preços, imaginando se as crianças realmente brincam com esses brinquedos tão caros.

Enquanto olhava a seção de brinquedos, notei um garoto de mais ou menos 5 anos pressionando uma boneca contra o peito.

Ele acarinhava o cabelo da boneca e a olhava tão triste, que fiquei tentando imaginar para quem seria aquela boneca que ele tanto apertava.

O menino virou-se para uma senhora próximo a ele e disse: "Tia, você tem certeza que eu não tenho dinheiro suficiente para comprar esta boneca?"

A senhora respondeu: “ Você sabe que o seu dinheiro não é suficiente, meu querido!" E ela perguntou ao menino, se ele poderia ficar ali olhando os brinquedos por 5 minutos, enquanto ela iria olhar outra coisa.

O pequeno menino estava segurando a boneca em suas mãos. Finalmente comecei a andar em direção ao garoto e perguntei para quem ele queria dar aquela boneca e ele respondeu:

"Esta é a boneca que a minha irmã mais adorava, e queria muito ganhar. Ela estava tão certa que o Papai daria esta boneca para ela este ano.”

Eu disse: "Não fique tão preocupado, com certeza ele irá dar a boneca para sua irmã." Mas ele triste me disse: "Não, o Papai não poderá levar a boneca onde ela está agora.Tenho que dar esta boneca pra minha mãe, assim ela poderá dar a boneca à minha irmã, quando ela for lá."

Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele falava: "Minha irmã teve que ir embora para sempre. O papai me disse que a mamãe também irá embora para perto dela em breve. Então pensei que a mamãe poderia levar a boneca com ela e entregar a minha irmã.".

Meu coração parou de bater. Aquele garotinho olhou para mim e me disse: "Eu disse ao papai para dizer a mamãe não ir ainda. Pedi à ele que esperasse até eu voltar do mercado."

Depois ele me mostrou uma foto muito bonita dele rindo, e me disse: "Eu também quero que a mamãe leve esta foto, assim ela também não se esquecerá de mim.”
“Eu amo minha mãe e gostaria que ela não tivesse que partir agora, mas meu pai disse que ela tem que ir para ficar com a minha irmãzinha.” Ele ficou olhando para a boneca com os olhos tristes e muito quietinho. Rapidamente procurei minha carteira e peguei algumas notas e disse para o garoto: "E se contássemos novamente o seu dinheiro, só para termos certeza de que você tem o dinheiro para comprar a boneca?”

Coloquei as minhas notas junto ao dinheiro dele, sem que ele percebesse, e começamos a contar o dinheiro. Depois que contamos, o dinheiro iria dar para comprar a boneca e ainda sobraria um pouco. E o garotinho disse: “Obrigado Senhor por atender o meu pedido e me dar o dinheiro suficiente para comprar a boneca".

Então ele olhou para mim e disse: "Ontem antes de dormir, pedi à Deus que fizesse com que eu tivesse dinheiro suficiente para comprar a boneca, assim a mamãe poderia levar a boneca. Ele me ouviu ...e eu também queria um pouco mais de dinheiro para comprar uma rosa branca para minha mãe, mas não ousaria pedir mais nada a Deus.

“E Ele me deu dinheiro suficiente para comprar a boneca e a rosa branca. Você sabe, a minha mãe adora rosas brancas.” Uns minutos depois, a senhora voltou e eu fui embora sem ser notado. Terminei minhas compras num estado totalmente diferente do que havia começado. Entretanto não conseguia tirar aquele garotinho do meu pensamento.

Então me lembrei de uma notícia no jornal local de dois dias atrás, quando foi mencionado que um homem bêbado numa caminhonete, bateu em outro carro, e que no carro estavam uma jovem senhora e uma menininha.

A criança havia falecido na mesma hora e a mãe estava em estado grave na UTI, e que a família havia decidido desligar os aparelhos, uma vez que a jovem não sairia do estado de coma.

E pensei, será que seria a família daquele garotinho? Dois dias após meu encontro com o garotinho, li no jornal que a jovem senhora havia falecido. Não pude me conter e sai para comprar rosas brancas,fui ao velório daquela jovem .... Ela estava segurando uma linda rosa branca em suas mãos, junto com a foto do garotinho e com a boneca.

Eu deixei o local chorando, sentindo que a minha vida havia mudado para sempre. O amor daquele garotinho por sua mãe e irmã continua gravado em minha memória até hoje.

É difícil de acreditar e imaginar que numa fração de segundos, um bêbado tenha tirado tudo daquele pequeno garotinho.

Agora você tem duas opções: 1. Mande essa mensagem a todos que você conhece; 2. Ou apague esta mensagem, e faça de conta que ela não tocou o seu coração. Se você mandar essa mensagem, talvez ajude aquelas pessoas que bebem e saem dirigindo pelas ruas, a pensar um pouco mais, e ajude a prevenir os acidentes que acontecem durante os feriados.
Ser solidário é respeitar a sua vida e a do outro. Se for dirigir, não beba. Não permita que alguém bêbado coloque em risco a sua vida e a de seus semelhantes.

Agindo assim você estará salvando outras vidas e a sua vida também.


Créditos
Texto :Desconheço o Autor
Música : Enni Morricone
Formatação : Emily Sant
José Pereira Lima

quinta-feira, 14 de maio de 2009

DESENVOLVIMENTO

(Roberto Alves da Rocha)

O homem diz que evoluiu, mas se pararmos um pouco e olharmos a humanidade, o ser humano foi tendo transformações em sua maneira de viver; foi se conhecendo melhor, mas na sua essência tem muito do “homem das cavernas” adaptável pelas ocasiões e situações de eras diferentes.
Ao viver sua política de vida, ao adaptar-se a regimes políticos muitas vezes autoritários, procurou o ser humano, o que ele achava de melhor para si, mas nem sempre foi feliz, no sentido de demonstrar uma evolução, e sim tão somente de uma adaptação à situações, que sempre encontra algo que substitua depois de um tempo, mas que não demonstra em nada evolução e sim apenas modificação.
O que chamamos de desenvolvimento na verdade pode ser uma mudança momentânea. O que chamamos que é progresso pode ser agora e daqui a pouco ser um atraso, como foi a destruição das matas para se construírem cidades, que aliada a outros chamados “desenvolvimentos” geraram o desequilíbrio do eco-sistema.
O mundo criou muitos “ismos” e o mais perigoso é o de hoje, o capitalismo, que valoriza somente o capital e não o ser humano.
Se corremos para a destruição não sabemos. Temos apenas idéias baseadas nos dias atuais, com o desenvolvimento da tecnologia; se continuarmos assim e com os perigos mortais que assolam o mundo, como por exemplo as bombas e as doenças, somente uma retomada de posição, uma análise conscienciosa da humanidade, poderá reverter o quadro que se avista num futuro não tão distante.
Não devemos viver visualizando o “apocalipse”, mas colocando os pés no chão, usando a tecnologia para melhorar o ser humano e sua vida e não para que ele seja escravo do chamado “desenvolvimento”.
OS INTELECTUAIS E O PODER

(Roberto Alves da Rocha)

Na conversa de Michel Foucault e Gilles Deleuze encontramos muita teoria sobre a posição dos intelectuais.
Baseado no texto lido, encontro que o poder é algo que fascina e que corrompe quando não representa a opinião de um povo e sim, tão somente das classes sociais que sempre manipularam e continuam com suas práticas.
Quando Michel Foucault fala que “é possível que as lutas que se realizam agora e as teorias locais, regionais, descontínuas, que estão se elaborando nestas lutas e fazem parte delas, sejam o começo de uma descoberta do modo como se exerce o poder”, fico pensando nos em parte dos políticos brasileiros e dos ativistas de movimentos sociais do país, que tem interesse de poder, somente para poder levar vantagens e não para servir uma comunidade.
Gostei quando Gilles Deleuze fala que “uma teoria é como uma caixa de ferramentas. Nada tem a ver com o significante... É preciso que sirva, é preciso que funcione. E não para si mesma”, porque acho que isso é uma grande verdade que muitos intelectuais não conseguem ver, com suas teorias.
Em minha opinião a conversa é de profundidade literária, mas que na prática pode não ser adaptável à sua essência, principalmente por ser tudo isso relativo ao ser humano, que é muitas vezes imprevisível e não adepto à teorias, principalmente em relação a sua vida, ao poder e a opressão que muitas vezes o poder gera.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Rizoma é regido por seis princípios básicos

Dessa forma, o paradigma dos “rizomas” reconhece a interdependência entre todos os fatores da realidade e é regido por seis princípios básicos: a conexão, a heterogeneidade, o rizoma, a ruptura asignificante, a cartografia e a decalcomania (DELEUZE, GUATARRI, 1995:15-22). Pode-se dizer que, em tempos de pós-modernidade, em início do terceiro milênio, sob a força de grandes acontecimentos, mudanças, rupturas e desagregações, o currículo em rede de saberes insere-se nesse paradigma emergente. Assim, para pensar a educação num novo paradigma, na pósmodernidade, há que se levar em conta o sujeito humano, a sociedade, a história, a cultura e a linguagem.

Nesse sentido, a educação se vê comprometida com a relação biopsicosocial, cognitiva e cultural do homem com o meio, podendo provocar transformações, ao mesmo tempo em que poderá construir e reconstruir tudo em movimentos contínuos e recursivos, tendo em vista as necessidades básicas prementes do momento sócio-econômico, político e histórico.

No decorrer desse processo, o conhecimento e a realidade são socialmente construídos e constituídos, por meio de experiências, vivências e situações significativas que desencadeiam formas de comportamentos e atitudes. A atitude desse homem, na realidade, não é a de um ser abstrato, mas a de um ser que age e interage objetivamente, como ser histórico que se relaciona 4 com a natureza e com outros seres humanos no exercício de atividades práticas, com finalidades e interesses, nas relações sociais (KOSIK, 1976:9-10).

José Pereira Lima

domingo, 10 de maio de 2009

POLÍTICA E JARDINAGEM


"Sobre política e fardinagem"

De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim vocare, quer dizer chamado. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um ‘fazer’. No lugar desse ‘fazer’ o vocacionado quer ‘fazer amor’ com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.‘Política’ vem de polis, cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades: sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oases. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu ‘o que é política?’, ele nos responderia, ‘a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas’.O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade. A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante. Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.Todas as vocações podem ser transformadas em profissões O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: ‘Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade... Ao contrário dos ‘legítimos’ políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem.’ Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolôs.Escrevo para vocês, jovens, para seduzi-los à vocação política. Talvez haja jardineiros adormecidos dentro de vocês. A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas, legítimas, se forem vocação. Mas todas elas afunilantes: vão colocá-los num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?Acabamos de celebrar os 500 anos do descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegar, não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem. Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros. Eram lenhadores e madeireiros. E foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde uns poucos encontram vida e prazer.Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam. (Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 19/05/2000.)
Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam. (Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 19/05/2000.)
Postado por:José Mário Corrêa em 10/05/2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Constituição Histórica e Aspectos Ideológicos dos Conceitos de Turismo

RESUMO

Os estudos sobre turismo e patrimônio apontam elementos de aproximação entre os dois conceitos. A concepção de turismo de massa está intimamente vinculada à constituição do mundo moderno, em especial no que se refere à divisão entre tempo de trabalho e tempo livre e à constituição da classe operária, grande motivadora da prática do turismo, elemento indicado por autores como John Urry e Eric Hobsbawn. Já a noção de patrimônio vincula-se à constituição do que hoje chamamos de Estado Liberal, estando relacionada à ideologia burguesa e à necessidade da constituição de uma identidade una. O presente trabalho visa realizar uma análise contextual e ideológica que possibilite o entendimento dos conceitos de turismo e patrimônio como parte de um mesmo processo histórico, servindo como elementos de constituição e fortalecimento de identidades distintas: uma, da classe burguesa, e outra, do proletariado. No entanto, entendemos que a dinâmica histórica leva também a um dinamismo conceitual, no qual o patrimônio adquire características que fortalecem identidades coletivas que não as dominantes, e o turismo é apropriado e transformado pelas elites, seja a partir de sua exploração mercantil ou da constituição de outras formas de se pensar o turismo, não mais vinculadas exclusivamente ao lazer e ao tempo livre.

Palavras Chaves: Patrimônio Histórico, Turismo, Identidade.

Aspectos Históricos da Constituição dos Conceitos de Patrimônio e Turismo
A constituição do mundo moderno foi marcada por profundas transformações na Europa Ocidental, sendo um momento de ascensão do Estado Liberal, que trouxe consigo novos conceitos, práticas e concepções de mundo. É neste contexto que aproximamos, neste trabalho, as idéias de turismo e patrimônio, o primeiro entendido como prática social, e o segundo como importante elemento de legitimação do Estado e, em conseqüência, da burguesia em ascensão. John Urry, no livro intitulado “O Olhar do Turista: Lazer e Viagens nas Sociedades Contemporâneas” (1996) demonstra que a constituição do turismo de massa está intimamente vinculada à formação da classe operária inglesa. Para tanto, foram necessárias condições como a internacionalização da economia, a centralização dos meios de produção, a divisão social do trabalho, o desenvolvimento de meios de transportes e de comunicações e a distinção entre tempo do trabalho e do ócio. Estes elementos se uniram ao processo de mercantilização e democratização das viagens, entendidas como objeto de consumo.
Fonte:Leandro Henrique Magalhães
José Pereira Lima

terça-feira, 5 de maio de 2009

QUAL O DESENVOLVIMENTO PROPORCIONADO PELO CAPITALISMO???

"O capitalismo jamais será benéfico para esta geração, nem para as próximas, nem para o futuro do planeta, pois ele não enxerga seres humanos, em seu lugar vê apenas consumidores".


Postado por: José Mário Corrêa

O QUE O DESENVOLVIMENTO TROUXE PARA A HUMANIDADE??

O que o desenvolvimento trouxe para a humanidade??? É a da constatação de uma das grandes contradições da humanidade: o modo segundo o qual a sociedade organizou-se historicamente, mesmo reconhecendo que trouxe avanços extraordinários, por exemplo, no campo do conhecimento, não resolveu questões básicas como a disseminação e apropriação universal deste mesmo conhecimento, visando o bem estar de todos.
Ao contrário, mantém ainda hoje os privilégios, a injustiça social, a marginalização dos povos.
Como conseqüência deste “modelo” de sociedade, a maneira como se vive na maior parte do planeta causa grandes impactos ambientais , por falta de reflexão sobre a responsabilidade de cada ato, e suas conseqüências para as futuras gerações.

A vida e o ambiente são intimamente ligados, interdependentes; a Terra é um sistema vivo, que tem sido enxergado apenas como fonte de insumos para a sobrevivência humana, e o desenvolvimento da chamada “sociedade de consumo”. Os limites do planeta, exaurido por este modelo de sociedade, estão cada vez mais próximos, mas poucos estão conscientes disto.
Mudanças Ambientais Globais estão ocorrendo e não podem ser separadas de questões de desenvolvimento.
As relações do crescente aquecimento global com as intervenções antrópicas nos ecossistemas estão exaustiva e cabalmente demonstradas pela comunidade científica nacional e internacional.
Há ainda uma questão de ética e justiça: as pessoas que vão sofrer as conseqüências mais graves das Mudanças Ambientais Globais são aquelas que menos contribuíram para este grave problema.



Postado por: José Mário Corrêa

segunda-feira, 4 de maio de 2009

FILME - A HISTÓRIA DAS COISAS

O filme " A história das coisas", aborda e questiona o intenso consumo de produtos industrializados, o papel dos meios de comunicação e da publicidade no estímulo ao consumo, a geração de imensas quantidades de lixo, a formação de grandes corporações capitalistas, a submissão dos governos a estas corporações, a exploração dos trabalhadores e dos bens naturais dos países pobres e a divisão internacional do trabalho.
A contaminação dos produtos industriais que usamos e a poluição do meio ambiente por substâncias tóxicas, como a perigosa dioxina, são explicadas e criticadas no filme. Embora esse filme tenha sido criado para a sociedade norte-americana e seu consumo, algumas situações e exemplos apresentados se aplicam a muitos outros lugares, inclusive o Brasil.
O filme apresenta os conceitos de obsolência planejada, ou seja, produtos feitos para durar pouco e aumentar o consumo, e cria a idéia de que as pessoas devem acompanhar as novidades do mercado, comprar e usar sempre os novos produtos para serem valorizadas na sociedade.
Apesar da abordagem esquisita (narrativa oral) - de denúncia e alerta - o filme é criativo, muito didático e esclarecedor. Ajuda a compreender o mundo contemporâneo e os complexos problemas socioambientais atuais. Por fim, apresenta alternativas e soluções, sempre com um olhar de conjunto e uma abordagem socioambiental (sustentabilidade). Merece ser visto por todas as pessoas que têm uma postura de responsabilidade ambiental e querem aprofundar o seu entendimento.
Postado em 04/05/2009, por José Mário Corrêa

sexta-feira, 1 de maio de 2009

OS INTELECTUAIS E O PODER

"Os intelecuais e o poder", a representação e a teoria e a prática

A 2 de Março de 1972, conversavam Michel Foucault e Giles Deleuze sobre o papel dos intelectuais:
M. F. : [...] o que os intelectuais descobriram recentemente é que as massas não necessitam deles para saber; elas sabem perfeitamente, claramente, muito melhor do que eles; e elas o dizem muito bem. Mas existe um sistema de poder que barra, proíbe, invalida esse discurso e esse saber. Poder que não se encontra somente nas instâncias superiores da censura, mas que penetra muito profundamente, muito sutilmente em toda a trama da sociedade.
Os próprios intelectuais fazem parte desse sistema de poder, a idéia de que eles são os agentes da "consciência" e do discurso também faz parte desse sistema.
O papel do intelectual não é mais o de se colocar "um pouco na frente ou um pouco de lado" para dizer a muda verdade de todos; é antes o de lutar contra as formas de poder exatamente onde ele é, ao mesmo tempo, o objeto e o instrumento: na ordem do saber, da "verdade", da "consciência", do discurso.É por isso que a teoria não expressará, não traduzirá uma prática; ela é uma prática. Mas local e regional [...], não totalizadora. [...] Luta não para uma "tomada de consciência" (há muito tempo que a consciência como saber está adquirida pelas massas[...]), mas para a destruição progressiva e a tomada do poder ao lado de todos aqueles que lutam por ela, e não na retaguarda, para esclarecê-los. Uma "teoria" é o sistema regional desta luta.

G. D. : Exatamente. Uma teoria é como uma caixa de ferramentas [...]. É preciso que sirva, é preciso que funcione. E não para si mesma. Se não há pessoas para utilizá-la, a começar pelo teórico que deixa então de ser teórico, ela não vale nada ou que o momento ainda não chegou. Não se refaz uma teoria, fazem-se outras; há outras a serem feitas [...]. A teoria não totaliza; a teoria se multiplica e multiplica. [...] A meu ver, você foi o primeiro a nos ensinar - tanto em seus livros quanto no domínio da prática - algo de fundamental: a indignidade de falar pelos outros. Quero dizer que se ridicularizava a representação, dizia-se que ela tinha acabado, mas não se tirava a conseqüência desta conversão "teórica", isto é, que a teoria exigia que as pessoas a quem ela concerne falassem por elas próprias.»

O que os intelectuais descobriram recentemente é que as massas não necessitam deles para saber; elas sabem perfeitamente, claramente, muito melhor do que eles; e elas dizem muito bem. Mas existe um sistema de poder que barra, proíbe, invalida esse discurso e esse saber...O papel do intelectual não é mais o de se colocar "um pouco na frente ou um pouco de lado" para dizer a muda verdade de todos; é antes o de lutar contra as formas de poder exatamente onde ele é, ao mesmo tempo, o objeto e o instrumento: na ordem do saber, da "verdade", da "consciência", do discurso"

("Os intelectuais e o poder - conversa entre Michel Foucault e Gilles Deleuze"- trecho extraído da obra "Microfísica do Poder"- M.Foucault)

Referência bibliográfica:

Michel FOUCAULT (1979), "Os Intelectuais e o Poder", Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Edições Graal. 20ª edição, 2004

Postado por: José Mário Corrêa